Étant Donnés
Nas pálpebras amargas ele carrega um sorriso furtado na Rua da Praia.
Repousa em frente ao museu, vê o lance de dados das pombas.
Acompanha sempre a mesma pombinha cinza com o olhar.
Às vezes a perde entre os galhos e as disputas de farelo.
Quer a pomba pra si.
Cultiva pacientemente o desejo de tê-la dentro das entranhas.
Quer guardá-la não como ser vivente, mas como rocha que voa.
Petrificado, o menino carrega nas pálpebras a catástrofe que é ser menino sem asas na Rua da Praia. Não saber voar, esta é a penitência diária quando se tem 5 anos.
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